COINCIDÊNCIA MÓRMIDA

     Numa tarde dessas, meio chuvosa embarquei um passageiro.
- Boa tarde! Saudei o passageiro.
- Boa tarde. Respondeu o jovem senhor adentrando ao Táxi.
- E... onde vamos Sr?
- Vamos para Rua Brasil com a Mato Grosso.
- Ok.
     Acontece que eu tenho por mania, eu deixo o rádio num volume no qual eu possa ouvir a rádio e ao mesmo tempo conversar com o passageiro sem problemas.
     Mas, naquela tarde o silêncio causado no interior do Táxi foi tão pesado que se ouvia o rádio claramente.
     Ai que começa a estória.
- Unidade para atender a Rua Curupaiti número ****. Chamou a central de rádio Táxi.
- Segunda chamada para atender a Rua Curupaiti número ****.
     Foi ai que percebi que o passageiro prestou mais a atenção no rádio e eu aumentei o volume.
- Voluntário para atender a Rua Curupaiti número ****.
     Dai foi que o passageiro falou:
- Ou, onde é a corrida?
- Na Rua Curupaiti número ****. Respondi prontamente.
- Mas, esse endereço é lá na minha casa.
     Chiiiiii. Pensei comigo mesmo. Lascou, vai dar merda essa corrida.
- Taxista, toca para Rua Curupaiti número ****.
- Certeza Sr?
- Certeza. Respondeu o passageiro já todo vermelho de raiva.
- Não é possível. Não comigo.
     E eu quieto, digitei o endereço no meu GPS e fui seguindo segundo o que o GPS ia me indicando. Nisso o passageiro ia ficando cada vez mais nervoso e falando baixinho consigo mesmo.
     Quando chegamos na casa, eu já sabia, que o Táxi já havia levado a pessoa que pediu o Táxi. Mas, eu não quis falar nada para o passageiro.
- É ali.
     Parei o carro bem na frente da casa. O passageiro acertou a corrida e entrou na casa com tudo. Disposto a matar ou morrer.
     Fiquei ali, fazendo hora, fingindo que estava arrumando o dinheiro do troco só para ver o resultado.
     Foi ai que o rapaz transtornado saiu na rua e me falou:
- Cara, ela foi embora, com outro, meu Deus! Aquela filha da puta me traiu.
     Eu simplesmente engatei uma primeira e fui embora. Ficar ali não adiantaria nada.