sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ATOLADO

Domingo, paradeira, fim de mês e eu de plantão.
De repente sai uma corrida para atender o presídio. Como era minha vez eu peguei a corrida.
Eu já estava me dirigindo em direção ao presídio e vi um casal de índios fazendo sinal para eu parar.
Pensei rapidamente, pego esses índios, levo ali na aldeia (que é caminho para o presídio) e faço duas corridas em uma. Beleza.
Parei o carro.
Os dois entraram, subiram e eu arranquei com o carro e perguntei:
- Para o Marçal ? (O nome da aldeia urbana é Marçal de Souza em homenagem ao líder Guarani) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%A7al_de_Souza_(l%C3%ADder_guarani-nhandev%C3%A1))
A velha, que era mãe do rapaz respondeu:
- Não fio, vamo pra Uniderp Agrárias.
Pensei com meus botões, “- Vixe, e agora?”
Mas, lembrei rapidamente que a Uniderp Agrárias não era tão longe do presídio e que ainda dava para fazer duas corridas em uma. Vamos lá!
Rumei para o lado da Agrárias igual a um foguete. Afinal, tinha tempo para embarcar o pessoal no presídio.
Quando cheguei na frente da faculdade perguntei a velha indígena.
- Onde é senhora?
- Vire aqui e desce.
Foi quando eu vi o areião que eu ia me meter. Tudo bem, depois eu mandava lavar a nave.
Coloquei o carro naquela areia fofa e que estava molhada por causa de uma forte garoa que havia caído.
Quando cheguei no fim da rua a mulher disse para eu virar a direita e seguir até o final.
Eu já preocupado com o horário fui rápido. Correndo na verdade.
- Vira aqui agora.
- Agora aqui.
E eu nervoso porque já estava perdido e ia ser complicado eu sair dali em tempo hábil para embarcar no presídio.
Foi quando o índio que estava sentado na frente, que estava bêbado falou para me acalmar.
-É aqui moço.
Pensei comigo mesmo, todo suado, - Graças a Deus.
Ele saiu e a anciã ficou para pagar a corrida.
Devolvi o troco e quando fui fazer a manobra de volta para tentar voltar pelo mesmo caminho que eu tinha vindo, o carro atolou. E não foi pouco.
Aquela areia fofa e marrom não foi amigável comigo.
Eu acelerava pra frente e nada, pra traz e nada.
Virava o volante para a direita e nada, e para a esquerda e nada também.
Eu já tinha saído de atoleiros em outras ocasiões, mas esse, tava muito difícil.
Quanto mais eu acelerava mais o carro afundava. Comecei a ficar preocupado.
Daí eu ouvi a menina do rádio me chamar.
- Zero sete, zero sete, qual o seu QTH ?
Ferrou, pensei. O que vou falar agora.
Eu respondi ao rádio dizendo que eu estava atolado.
A operadora perguntou se eu queria um guincho, eu respondi que por enquanto eu estava tentando sair e que qualquer coisa eu solicitava ela novamente para pedir o guincho.
Foi quando um engraçadinho na freqüência falou:
- Uai central? Como que o zero sete atolou no caminho para o presídio se é tudo asfaltado?
Putz! Fiquei quieto.
Foi quando o índio bêbado chegou com um pedaço de concreto que ele tinha arrumado sabe lá Deus de onde e colocou debaixo do pneu.
Foi quando eu ouvi a central soltar a corrida do presídio novamente.
Pensei. Beleza, agora o passageiro não vai ficar sem o Táxi. E eu vou poder me explicar.
Nisso o carro já tava todo sujo de areia. Tinha areia até no teto, pelo lado de dentro. E eu já tava todo "à milanesa".
Desci do Táxi e ajudei o índio a colocar a viga debaixo da roda.
Liguei o carro e comecei a acelerar. A viga limpou o pneu e eu vi que tinha boas chances de sair dali.
Sai para ver como estava a situação.
Voltei para o carro e consegui com algum custo sair dali.
- Obrigado! Falei para o índio e fui embora.
Sai tão desorientado que peguei o caminho contrário ao que vim. E fui embora. Fui pelo rumo da minha consciência.
O sol já havia saído eu segui reto.
Uma vez eu ouvi dizer que por dentro saía lá no presídio.
E fui indo. Fui parando e perguntando, o pessoal informando e fui levando o Táxi em direção ao presídio.
Foi a maior alegria quando eu vi a torre do presídio.
- Graças a Deus! Eu disse aliviado.
Voltei para o ponto e lavei o carro. Não tinha condições nenhuma de continuar a trabalhar com o carro naquele estado.
Moral da história.
“Não seja zoiudo, não queira abraçar o mundo com as pernas.”

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